As despesas relacionadas às viagens internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano de 2023 totalizaram, no mínimo, R$ 70 milhões, constituindo um ônus para os recursos públicos. Por sua vez, o ex-presidente Jair Bolsonaro, no primeiro ano de seu governo em 2019, despendeu a quantia de R$ 37,6 milhões em suas atividades no exterior.
Os dados foram adquiridos por meio da Lei de Acesso à Informação e disponibilizados pelo blog Lúcio Vaz, veiculado pela Gazeta do Povo. O Ministério das Relações Exteriores compartilhou essas estatísticas, concentrando-se na divulgação do montante total das despesas relativas a diárias em todas as viagens, destacando os gastos totais com hospedagem em cada deslocamento, sem fornecer detalhes específicos. Entretanto, os custos referentes ao aluguel de veículos, locação de salas e aquisição de equipamentos foram minuciosamente especificados.
A despesa exclusiva com a hospedagem em Nova York, nos Estados Unidos, para a participação na Assembleia Geral das Nações Unidas, atingiu a cifra de 7,7 milhões de reais. Durante essa ocasião, o presidente e sua comitiva alojaram-se no luxuoso hotel Lotte New York Palace. Os custos adicionais relativos ao aluguel de veículos, locação de salas e contratação de tradutores somaram mais 6 milhões de reais, totalizando assim 13,8 milhões de reais — equivalente a 23 mil benefícios do Bolsa Família.
Entre os desembolsos mais significativos nas viagens internacionais de Lula estão as visitas a Xangai e Pequim, na China; Dubai, nos Emirados Árabes Unidos; Paris, na França; Lisboa, em Portugal; Madri, na Espanha; e Nova Délhi, na Índia. Em abril de 2023, a viagem a Xangai e Pequim demandou um investimento de 5 milhões de reais, com 1,1 milhão destinado à locação de veículos e 2 milhões para hospedagem. A participação na COP28 em Dubai, em dezembro, implicou um custo de 3,8 milhões de reais, dos quais 2,1 milhões foram destinados à hospedagem. Uma comitiva composta por 22 deputados, nove senadores e oito assessores acompanhou Lula, gerando despesas adicionais de 1,2 milhão de reais, incluindo as cinco passagens mais caras, ao preço médio de 50 mil reais cada uma, na classe executiva.
A viagem a Paris, realizada com o objetivo de obter apoio da França para acordos comerciais com o Mercosul, implicou um dispêndio total de 3,8 milhões de reais, englobando 2,3 milhões destinados à hospedagem e 1,2 milhão ao aluguel de veículos, embora não tenha obtido o apoio esperado.
Por sua vez, a visita a Lisboa e Madri, em abril, totalizou 4,8 milhões de reais, distribuídos entre 2,3 milhões destinados a veículos e 2 milhões em hospedagem. Já os custos associados à viagem a Nova Délhi alcançaram a marca de 3,2 milhões de reais, sendo 2,2 milhões destinados exclusivamente à hospedagem.
A justificativa do governo Lula para as viagens
Em comunicado à Gazeta, a Presidência da República afirmou que as viagens internacionais empreendidas pelo presidente Lula ao longo de 2023 não apenas visaram “restabelecer a presença do Brasil no cenário internacional após os anos de isolamento da gestão anterior” mas também foram consideradas um “investimento” destinado a ampliar as oportunidades de acordos bilaterais entre o Brasil e outras nações. O governo destacou, adicionalmente, os benefícios que teriam sido alcançados por meio dessas atividades.
Nas últimas semanas, o presidente Lula realizou visitas ao Egito, Etiópia — onde ocorreram declarações controversas que resultaram em uma crise diplomática com Israel — e à Guiana, onde participou de uma reunião com o ditador venezuelano Nicolás Maduro e o presidente colombiano Gustavo Petro, no contexto da cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) ocorrida nesta sexta-feira, 1° de março. Uma nova viagem do presidente foi confirmada para a Rússia em 22 de fevereiro, onde ele está programado para participar da reunião do BRICS, agendada para outubro.