NacionalNotíciasPolíticaSegurança

Fugitivos de presídio de Mossoró não saíam da cela há cinco meses

Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça estavam presos sob Regime Disciplinar Diferenciado, que é quando o detento fica em cela individual

Os reclusos que evadiram-se da Penitenciária Federal de Segurança Máxima em Mossoró (RN), no dia 14 de fevereiro, não haviam deixado suas celas onde estavam detidos há um período de cinco meses. Esta informação foi compartilhada pelo juiz-corregedor da referida prisão, Walter Nunes, durante uma entrevista à imprensa nesta semana.

Esse confinamento nas celas por 150 dias ocorreu devido ao fato de Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça estarem submetidos ao Regime Disciplinar Diferenciado no presídio federal. Nesse regime, o detento permanece em cela individual, sujeito a restrições relacionadas a visitas e desprovido do direito ao banho de sol.

Nascimento e Mendonça foram transferidos para a Penitenciária de Mossoró em setembro de 2023, após seu envolvimento em uma rebelião no Presídio Antônio Amaro, resultando na morte de cinco detentos, incluindo três que foram decapitados. Essa revolta esteve associada a conflitos entre facções criminosas.

Os dois fugitivos, Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento, possuem ligações com o Comando Vermelho e enfrentam mais de 30 processos por homicídio, roubo, tráfico de drogas e participação em organizações criminosas.

Como foi a fuga em Mossoró

Conforme Walter Nunes explicou, o fato de os detentos estarem sob o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) os impediu de ter acesso a objetos como barras de ferro, as quais seriam utilizadas para criar um orifício na parede, possibilitando a abertura de uma rota para a fuga. O juiz federal afirmou que os buracos encontrados nas paredes das duas celas só poderiam ter sido feitos com o uso das barras de ferro.

Quanto ao acesso a objetos de ferro, Walter Nunes enfatizou a suspeita de que alguém entregou as barras aos dois presos. Apesar de estarem em celas individuais, Rogério e Deibson estavam localizados em celas vizinhas, separadas apenas por uma parede. A suposição é de que ambos possuíam ferramentas, como barras de ferro e marretas, que foram utilizadas para abrir as paredes, mantendo assim contato para agir de maneira coordenada.

Segundo informações do colunista Josmar Jozino, vinculado ao UOL, uma fonte relacionada à Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) indicou que, ao conseguirem sair das celas, Nascimento e Mendonça dirigiram-se ao alambrado do presídio, onde existe uma cerca elétrica. Contudo, o equipamento estava desativado. Os fugitivos, então, cortaram o arame com um alicate por volta das 3h37 de quarta-feira. Conforme relato do jornalista, uma das câmeras de segurança da penitenciária registrou o momento em que Deibson e Rogério deixaram o presídio.

Buscas dos criminosos

Após a evasão dos delinquentes, toda a administração da penitenciária federal de segurança máxima de Mossoró foi temporariamente destituída. As operações de busca pelos criminosos estão a cargo de 100 membros da Polícia Federal, 100 agentes da Polícia Rodoviária Federal, 100 agentes das forças policiais locais (civil e militar), além de três helicópteros, drones e cães farejadores, todos integrando a equipe dedicada à recaptura dos fugitivos.

Um raio de 15 quilômetros em torno da penitenciária está sendo meticulosamente percorrido por agentes de segurança. As investigações concentram-se agora em uma área onde foram identificadas pegadas e vestimentas. Até a presente data desta reportagem (17/2), os fugitivos ainda permanecem foragidos.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo