PL avança na Câmara ao presidir comissões estratégicas
"No comando da CCJ, Caroline de Toni deveria ter apoio de suas colegas, mas quer acabar com a cota das mulheres nas eleições e é contra a descriminalização do aborto", observa o jornalista
Não há como negar os desafios enfrentados pelo Palácio do Planalto ao sair das eleições e assumir o controle das comissões da Câmara, encontrando-se em uma posição enfraquecida e diante de questões complexas. Os resultados indicam uma aliança entre o Centrão, especialmente o PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e o PL, que tem seus olhos voltados para a sucessão no comando da Casa. Comissões estratégicas para o governo agora estão sob o controle do partido liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
A presidência da Comissão de Constituição e Justiça, anteriormente liderada pelo petista Rui Falcão (SP) e que desempenhou um papel crucial ao impedir o avanço de propostas de extrema direita, será ocupada pela deputada Caroline de Toni (PL-SC). Apesar de ser aliada do governador de Santa Catarina, Jorginho Melo (PL), ela assegurou que conduzirá o colegiado de maneira institucional, ouvindo todos os partidos, inclusive os da base governista, embora mantenha uma posição bolsonarista convicta.
Mesmo com a tentativa de Arthur Lira de dissuadir o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, da indicação, sugerindo um nome mais moderado, o fato de Caroline ser a parlamentar que mais votou contra o governo nesta legislatura, conforme levantamento exclusivo do Radar do Congresso, pesou na decisão do PL. Seu voto contrário em 72% das matérias apreciadas pela Câmara contrasta com a média de aprovação de 80% das matérias do governo pelos deputados.
Natural de Chapecó, Caroline, com 37 anos, foi eleita pela primeira vez no pleito de 2018 e reeleita em 2022 com a maior votação de Santa Catarina. Desde 2020, está sob investigação, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou a quebra de seu sigilo bancário e fiscal no âmbito do inquérito que apura a organização e financiamento dos atos golpistas de 8 de janeiro.
A presença de uma mulher à frente da Comissão de Constituição e Justiça deveria, teoricamente, receber apoio unânime de suas colegas deputadas, especialmente no Dia Internacional das Mulheres. Entretanto, isso não se concretiza no caso de Caroline, que já apresentou um projeto de lei para abolir a cota feminina nas eleições e se manifesta como ativista contrária à descriminalização do aborto.
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