Comunidades de matriz africana de Aparecida solicitam reconhecimento ao IPHAN
A Coordenadoria de Igualdade Racial de Aparecida de Goiânia solicitou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN-GO) o reconhecimento e/ou tombamento dos festejos e tradições das comunidades de matriz africana Ilê Onilewa Azando, no Jardim Buriti Sereno, e Vovó Maria Conga, no Jardim Alto Paraíso.
A solicitação considera a relevância social das lideranças das comunidades, a importância da preservação da cultura e religião dos povos de matriz africana e também o trabalho social realizado por ambas na cidade há várias décadas.
Dona Maria Baiana liderou a Comunidade Vovó Maria Conga, no Jardim Alto Paraíso, nos últimas 40 anos. Deixou um grande legado para seu povo justamente pelo trabalho em defesa da manutenção das tradições e costumes da vertente umbandista. A matriarca se destacou ainda como mulher aguerrida.
A iyalorisa Teresa Cleidecer Dias, do candomblé de ketu, é uma referência regional há mais de 50 anos. A Comunidade Ilê Asé Onilewa, no Jardim Buriti Sereno, atua ativamente pela manutenção das tradições das comunidades de matriz africana espalhadas pela cidade. Ao todo, são cerca de 100 de diferentes segmentos éticos-religiosos.
No pedido, a Coordenadoria de Igualdade Racial, sublinha ainda que as comunidades “possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultura, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos transmitidos pela tradição”.
O documento encaminhado ao IPHAN ressalta ainda que o reconhecimento e/ou tombamento das comunidades de matriz africana será ferramenta fundamental para combater desigualdades e descriminação que afetam o desenvolvimento social dos diferentes grupos, inclusive, os que sofreram impacto do racismo durante a construção histórica do Brasil.
Superintendente do IPHAN-GO, Pedro Wilson, aponta que o processo para reconhecimento e/ou tombamento histórico das comunidades já foi iniciado. “Está andando e já foi protocolado. Estamos analisando e certamente iremos dar o sim e encaminhar para Câmara Municipal de Aparecida para que aprove e o prefeito Vilmar sancione para darmos esse caráter cultura permanente aos terreiros”, adiantou.
Carolina Dias membro da Comunidade Ilê Onilewa Azando e técnica da Coordenadoria de Igualdade Racial destaca a importância do reconhecimento e/ou tombamento das comunidades de terreiro. “Inicialmente, pensamos no resguardo e respeito de todo grupo étnico-cultural. Quando se reconhece esses territórios ficam resguardados os direitos intrínseco à aquela comunidade. Fica resguardado o patrimônio cultural e todo entorno da comunidade porque o terreiro é apoio social do território em que está inserido. Com isso, se assegura ainda desenvolvimento, social, econômico e da comunidade em geral”.